Devo confessar que o que me induziu a ler “Os Crimes do Lago das Tristezas” foi a poeticidade do título e da capa, na verdade, procurava um policial e aproveitei a deixa poética.
Uma patologista americana, Nora Gavin, desloca-se a uma pequena cidade irlandesa para analisar um corpo encontrado numa turfeira por um grupo de arqueólogos e acaba descobrindo um outro corpo de origem mais recente, apontando todos os indícios para um crime violento com possíveis implicações ritualistas.
Entretanto outros assassínios são cometidos e é, inevitavelmente, estabelecida uma ponte entre os crimes que sucedem em torno daquele local havendo algo em comum a unir aquelas existências que se vêm a revelar atormentadas.
Existe igualmente um paralelo entre aquele primeiro corpo encontrado na turfeira, proveniente de uma época remota em que os povos que habitavam a região faziam oferendas às divindades que regiam as suas vidas, divindades essas que segundo as crenças da época determinavam os castigos a aplicar ao povo, uma ira que poderia ser aplacada com sacrifícios humanos adequados, e os corpos que são descobertos milhares de anos depois com sinais de violência ritual induzindo a uma primeira conclusão de retoma de tradições há muito abandonadas.
O que sobretudo me interessou nesta obra foi a visão de um local aparentemente incorrupto revelar-se, à medida que a investigação dos crimes avança, um covil de segredos e invejas profundos, enraizados numa comunidade fechada em que a diferença, a descrição são tidos como produto de qualquer espécie de perturbação mental. Na realidade, reforça-se a ideia de que não há lugares puros, nem lugares livres de espíritos inquietos. Os espaços confundem-se com as pessoas e se é verdade que os contaminamos, não é menos verdade que os espaços deixam a sua marca em nós, é uma contaminação recíproca que pode deixar um sinal de luz, como um trilho de tristezas.
Nesta obra os rejeitados são iluminados e inocentados, no fundo, revelam-se os únicos capazes de ser felizes; os outros, os considerados normais, afogam-se numa incontornável tristeza interior.
Uma patologista americana, Nora Gavin, desloca-se a uma pequena cidade irlandesa para analisar um corpo encontrado numa turfeira por um grupo de arqueólogos e acaba descobrindo um outro corpo de origem mais recente, apontando todos os indícios para um crime violento com possíveis implicações ritualistas.
Entretanto outros assassínios são cometidos e é, inevitavelmente, estabelecida uma ponte entre os crimes que sucedem em torno daquele local havendo algo em comum a unir aquelas existências que se vêm a revelar atormentadas.
Existe igualmente um paralelo entre aquele primeiro corpo encontrado na turfeira, proveniente de uma época remota em que os povos que habitavam a região faziam oferendas às divindades que regiam as suas vidas, divindades essas que segundo as crenças da época determinavam os castigos a aplicar ao povo, uma ira que poderia ser aplacada com sacrifícios humanos adequados, e os corpos que são descobertos milhares de anos depois com sinais de violência ritual induzindo a uma primeira conclusão de retoma de tradições há muito abandonadas.
O que sobretudo me interessou nesta obra foi a visão de um local aparentemente incorrupto revelar-se, à medida que a investigação dos crimes avança, um covil de segredos e invejas profundos, enraizados numa comunidade fechada em que a diferença, a descrição são tidos como produto de qualquer espécie de perturbação mental. Na realidade, reforça-se a ideia de que não há lugares puros, nem lugares livres de espíritos inquietos. Os espaços confundem-se com as pessoas e se é verdade que os contaminamos, não é menos verdade que os espaços deixam a sua marca em nós, é uma contaminação recíproca que pode deixar um sinal de luz, como um trilho de tristezas.
Nesta obra os rejeitados são iluminados e inocentados, no fundo, revelam-se os únicos capazes de ser felizes; os outros, os considerados normais, afogam-se numa incontornável tristeza interior.
2 comentários:
Um tema aliciante e de que já anotei o título para a minha próxima compra.
Grata pela partilha.
Espero que as férias tenham sido óptimas.
Um abraço carinhoso e boa semana ;)
confesso que também deixei-me levar pela foto da capa, tão gélida,envolta naquela cor acinzentada e pelo título, acabei por gostar imenso do livro e adquirir o primeiro dela, "Terra Assombrada"
Gostei do seu comentário com o qual concordo em género, número e grau.
Mrs. Woolf
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