
Tudo começa com um acto de vingança por parte da verdadeira mãe de Edward, Laura, Lady Tansor. Casada com um dos nobres mais ricos de Inglaterra, pediu a Lord Tansor que uma dívida contraída pelo pai fosse perdoada; perante a recusa do marido e subsequente morte do pai, Laura decide ocultar a gravidez do filho primogénito por que o Barão tanto aguardava viajando para França na companhia da sua grande amiga e coadjuvante na intriga perpretada, Simona Glyver. Concebe o filho em França, entrega-o aos cuidados extremosos de Simona e parte para Evenwood sem a criança.
Edward cresce como Edward Glyver e apenas reconhece como mãe Simona Glyver que escreve romances para os sustentar após a morte de um marido ausente. É um estudante brilhante mas, impossibilitado de ingressar na universidade devido a uma calúnia montada pelo suposto melhor amigo, Phoebus Rainsford Daunt, Edward encontra uma alternativa à vida académica de que se vira bruscamente privado e que o leva a frequentar círculos bibliófilos sobretudo na Alemanha e a compilar informação e conhecimento suficientes para manter longas discussões e troca de opiniões com os mais eruditos bibliófilos.
Ao morrer, Simona deixa alguns papéis aos quais Edward se agarra numa tentativa de prender a memória da mãe, mas rapidamente compreende que algo de errado e sobretudo de dúbio relativamente às suas origens se apresentava nesses escritos e mesmo em algumas recordações débeis que ele próprio retinha e que dificilmente conseguia explicar.
Ao descobrir a verdade acerca das suas origens nobres, Edward lança-se numa cruzada de busca de provas que permitam a Lord Tansor reconhecê-lo como seu legítimo herdeiro. Sobretudo porque é-lhe comunicado que Lord Tansor, após ter perdido toda a esperança no nascimento de um herdeiro através de um segundo casamento consumado após a morte de Laura, nomeara como seu sucessor nem mais nem menos que Phoebus Rainsford Daunt, entretanto “adoptado” por Sua Senhoria como o herdeiro que nunca tivera.
O objectivo de Edward torna-se duplo: herdar o que é seu por direito de nascimento e retirar ao seu rival aquilo que mais uma vez lhe queria roubar.
Depois de peripécias várias que incluem a traição amorosa para recuperação de papéis na posse de Edward e que lhe dariam Evenwood, a mansão das suas recordações de menino e centro do mundo Tansor, Edward percebe que nunca mais recuperaria o que era seu (e chega a confrontar o Barão, seu pai, com os factos mas já sem provas, sendo naturalmente escorraçado como farsante e vigarista) e inicia um ciclo de vingança seu que culminaria com a morte de Phoebus, o homem que lhe tirara tudo. Mas antes de matar Daunt, Edward desfere um golpe mortal num homem inocente, apenas para saber se era capaz.
Assistimos à transformação de um homem bondoso num assassino, é certo que acicatado pelas circunstâncias em que se desenrolara a sua vida, mas assistimos igualmente a um homem que se vinga do seu inimigo mas que vive eternamente atormentado pela morte que infligira a um inocente transeunte num beco da Londres vitoriana.
2 comentários:
Algo que não compreendi plenamente, apesar das minhas pesquisas... Já li o livro e é simplesmente incrivel! Mas a história é real? Ou Michael Cox simplesmente se decidiu a escrever um romance? Mesmo o prefácio do livro não me esclareceu.
Ass.: Andreia. Agradecia uma resposta, se possível, para: matematikomaniaka@hotmail.com
Os meus mais cordiais cumprimentos
A obra é um produto da extraordinária imaginação de Michael Cox, nada mais, mas o efeito é tão pungente que de facto nos parece estarmos a ler uma confissão real de factos acontecidos com pessoas que existiram.
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