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domingo, outubro 05, 2008

"Um Mundo sem Fim - Volume I" de Ken Follett

Follett, Ken, Um Mundo sem Fim (World Without End), Editorial Presença, Tradução de Alice Rocha, 2008.

Depois de ter lido algumas críticas elogiosas a “Os Pilares da Terra”, senti uma natural curiosidade em conhecer a obra de Ken Follett e comecei por este recém-publicado “Um Mundo sem Fim”, o primeiro volume de uma história que começa em Inglaterra, mais propriamente na próspera cidade de Kingsbridge, na primeira metade do século XIV tendo como principais intervenientes um grupo de homens e mulheres que, quando crianças, presenciaram a perseguição de um grupo de homens a um cavaleiro e morte que este acabara por infligir aos seus atacantes. Gwenda, Caris, Merthin e Ralph são os heróis e vilão (por esta ordem) dos acontecimentos que anos mais tarde marcariam os destinos das quatro personagens e de Kingsbridge.

Seguimos as maquinações do clero local sempre em busca do poder impossível, atropelando a moralidade apregoada pelos Santos da Igreja sobretudo porque a ambição desmedida de um certo Godwin inviabiliza a redenção de todas as almas errantes porque incompreendidas e possibilita a subida aos céus dos que compõem o seu séquito de tratantes.

Deparamo-nos com a rebeldia de quem se recusa a aceitar o fim inevitável reservado a todas as mulheres na idade média europeia, contrariando essa fatalidade com intervenções de relevo na sua cidade num momento de crise comercial com um contributo de apresentação de soluções palpáveis quando a feira do velo parecia condenada ao desaparecimento e negando casar-se com o homem que amava porque urgia declinar o que toda a comunidade esperava dela.

Acompanhamos o amor incondicional de uma mulher por um homem noivo de outra e a força quase sobre-humana com que sobrevive a atrocidades perpetradas contra a sua pessoa.

Vemos um aprendiz de artesão suplantar o seu mestre, encontrar explicação para as anomalias nas estruturas da cidade e com as suas ideias pioneiras solucionar uma das piores adversidades com que Kingsbridge se deparara: A queda da ponte que permitia o acesso dos comerciantes à muito concorrida feira do velo.

Assistimos à ascensão meteórica de um escudeiro ao serviço do Conde Roland à categoria de Senhor de Wigleigh onde exerce o seu poder de forma brutal, maldosa e autoritária.

Confesso que a obra, à semelhança do que já foi escrito por Djamb em Folhas de Papel, não impele o leitor à aquisição do II Volume, não só porque os erros de impressão são imensos, mas também porque o autor parece não ter descoberto a forma ideal de contar esta história, parecendo perder-se na descrição dos costumes e práticas da época em detrimento da sólida construção de uma narrativa. Sublinho que Ken Follett não me maravilhou com esta história, restando-me aguardar pela obra que contrarie esta opinião menos positiva.