Hope Chafetz, pintora já idosa e mito vivo no mundo das artes por ter sido casada com dois dos mais brilhantes e revolucionários artistas da sua geração, é entrevistada por Kathryn, uma jornalista profundamente conhecedora das circunstâncias artísticas que rodearam a vida de Hope, passada em revista num dia inteiro de perguntas e respostas e silêncios.
O autor concede-nos livre acesso aos momentos em que Hope guarda algo para si, momentos em que não verbaliza toda a torrente de pensamentos que lhe ocorrem, toda a energia vibrante que escutamos como se de algo interdito se tratasse. Hope revela inúmeros aspectos da personalidade de Zack, o seu atormentado primeiro marido, pressentido a entrevistada a cumplicidade de Kathryn face àquele homem desequilibrado que quisera viver depressa e morrera jovem, um James Dean da pintura americana, uma lenda à qual Hope estava eternamente presa.
Assim como o leitor tem conhecimento das impressões que Hope vai coligindo ao longo da entrevista sobre a sua vida que agora desfiava a uma estranha, também acedemos aos monólogos interiores da mulher idosa em relação à mulher jovem que tem diante de si.
Apesar de decidida, Kathryn aparenta resignação. Apesar de surgir como uma independente nova-iorquina, parece tactear no escuro, no reflexo da sua roupa negra, nos seus gestos tensos, pouco hábeis, parece hesitar na sua existência.
Hope aponta mentalmente todas as sensações que a jovem entrevistadora lhe transmite e toma nota das ausências patenteadas pela jovem à medida que verbaliza as suas próprias.
A vida cheia de Hope Chafetz, apesar do presente declínio, contrasta claramente com a deriva, a incerteza do mundo em que Kathryn vive. Escondida no negro, como para que a sua passagem não seja notada, mostra a sua insegurança velada revelada na necessidade de verificar permanentemente se o gravador está ligado nos momentos certos, ou seja, quando Hope faz declarações inéditas. Como se daquela entrevista dependesse a sua vida.
Hope, já trôpega e consciente do pouco tempo que para si virá, analisa, depura toda a circunstância em que se encontra naquele dia de primavera. Disseca a sua vida repleta com a ajuda de Kathryn e examina a mulher que tem diante de si. Sente irritação e comoção, distância e proximidade e, já noite, com a chuva a cair impiedosa, Hope e Kathryn despedem-se para sempre, unidas pelo laço que um dia de revelações mútuas lhes proporcionou.
O autor concede-nos livre acesso aos momentos em que Hope guarda algo para si, momentos em que não verbaliza toda a torrente de pensamentos que lhe ocorrem, toda a energia vibrante que escutamos como se de algo interdito se tratasse. Hope revela inúmeros aspectos da personalidade de Zack, o seu atormentado primeiro marido, pressentido a entrevistada a cumplicidade de Kathryn face àquele homem desequilibrado que quisera viver depressa e morrera jovem, um James Dean da pintura americana, uma lenda à qual Hope estava eternamente presa.
Assim como o leitor tem conhecimento das impressões que Hope vai coligindo ao longo da entrevista sobre a sua vida que agora desfiava a uma estranha, também acedemos aos monólogos interiores da mulher idosa em relação à mulher jovem que tem diante de si.
Apesar de decidida, Kathryn aparenta resignação. Apesar de surgir como uma independente nova-iorquina, parece tactear no escuro, no reflexo da sua roupa negra, nos seus gestos tensos, pouco hábeis, parece hesitar na sua existência.
Hope aponta mentalmente todas as sensações que a jovem entrevistadora lhe transmite e toma nota das ausências patenteadas pela jovem à medida que verbaliza as suas próprias.
A vida cheia de Hope Chafetz, apesar do presente declínio, contrasta claramente com a deriva, a incerteza do mundo em que Kathryn vive. Escondida no negro, como para que a sua passagem não seja notada, mostra a sua insegurança velada revelada na necessidade de verificar permanentemente se o gravador está ligado nos momentos certos, ou seja, quando Hope faz declarações inéditas. Como se daquela entrevista dependesse a sua vida.
Hope, já trôpega e consciente do pouco tempo que para si virá, analisa, depura toda a circunstância em que se encontra naquele dia de primavera. Disseca a sua vida repleta com a ajuda de Kathryn e examina a mulher que tem diante de si. Sente irritação e comoção, distância e proximidade e, já noite, com a chuva a cair impiedosa, Hope e Kathryn despedem-se para sempre, unidas pelo laço que um dia de revelações mútuas lhes proporcionou.
2 comentários:
É um livro bonito, não é? Ainda não li, mas olhar para a capa e para a tua descrição deu-me uma ideia...
Um grande abraço
É um livro lindíssimo que se degusta de um fôlego... Na capa vês parte do atelier de pintura de Jackson Pollock:)
Abraço
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