sábado, maio 23, 2009

"O Anel de Basalto" de Mário Cláudio

Cláudio, Mário, O Anel de Basalto, Dom Quixote, 2000.
O tempo é de milagres. Uma sucessão de nascimentos anunciados por anjos ou sábios monges budistas completa o círculo que as velhas profecias de regresso do Encoberto há muito vaticinavam: a missão próxima dos iluminados no mundo português visando a libertação do Rei dos calabouços da morte.

É necessário percorrer longes míticos, estabelecer alianças de casamento, viver rodeado de sociedades diversas para encerrar o anel de fogo revelador do trono de pedra firme em que o reino de Portugal postaria o seu Rei há muito desaparecido.

A ideia de um Quinto Império erguido pelos grandes nomes do passado português, coadjuvados por sábios de todo o mundo e por dois contemporâneos nascidos em circunstâncias extra-ordinárias é o ponto nuclear desta narrativa. Um segredo milenar comungado por um grupo restrito de privilegiados é a sarça ardente no coração dos que lideram a mudança prenunciada. A estratégia de regresso do Rei abarca elementos sobrenaturais, viagens fantásticas, elos inimagináveis entre civilizações distantes unidas pelo propósito comum de ressuscitar o Salvador de Portugal, do mundo.

Esta utopia, alimentada pelo Padre António Vieira e por Fernando Pessoa (só para referir os mais destacados intérpretes da ideia), continua a produzir entre nós uma literatura ficcional de grande interesse porque de homenagem a um espírito português que perdura (nem que seja num prisma meramente filosófico) e que nos empurra para as tormentas da realidade, para o desconhecido habitado por Adamastores ameaçadores com a esperança dos exercitados na eterna restauração. Levantados do chão…

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