Em jeito de introdução, de referir apenas que, tratando-se “A Submissa e Outras Histórias” de um livro de contos, optei pela análise de cada um separadamente. Comecemos, então, pelo primeiro – “Uma História dos Diabos”.
O protagonista do conto é um General que, talvez motivado por uma noite em que bebeu demais na companhia de dois amigos ou por um súbito assomo de consciência, vê-se enredado numa teia de acontecimentos que irão comprometer a sua imagem perante os seus subordinados.
Ivan Illitch é um homem sem preocupações até uma noite em que, celebrando o aniversário de um amigo na sua nova residência, se sente estranhamente próximo ou compadecido do povo que até àquele momento desprezava. O texto gira em torno de uma frase aparentemente sem sentido dita por um dos amigos – “Não aguentaremos” –, frase que se revelaria profética, não só em relação à experiência individual de Illitch naquela fatídica noite, como em relação à própria evolução da História Russa.
O protagonista sai de casa do amigo perturbado. O seu cocheiro, perante a perspectiva de uma maior demora do amo, encontra-se num casamento e Illitch é obrigado a ir para casa a pé, ideia que lhe não desagrada de todo. Após algum tempo de caminhada, ouve música festiva, aproxima-se da casa de onde os acordes e vozes de contentamento vêm e apercebe-se que está diante da casa de um seu subordinado, Pseldonimov. Recorda-se que o mesmo iria casar e parte do princípio que os festejos a que assiste são em consequência do casamento do seu funcionário. A sua indecisão face à posição a tomar perante aquela situação, denota um claro sentido de classe: por um lado não se quer misturar com gente daquela “laia”, por outro quer fazer o bem, ou seja, julga que a sua presença nas bodas de Pseldonimov seria uma inesperada honra para o mesmo e uma bênção dos céus. A sua falsa modéstia só é suplantada pelo medo que o acomete, um medo de não agir como seria expectável, um receio de não corresponder àquilo que aquela gente dele esperaria, um desassossego que não consegue identificar mas que, pouco depois, ao tomar a decisão definitiva de entrar na casa, de participar na festa com uma breve e pacata presença (que depois se revelaria mais prolongada e menos pacata do que inicialmente previsto) e com o decorrer dos acontecimentos ao longo da noite, se torna evidente para o leitor que o grande medo do General era perder a compostura, tornar-se vulgar, palpável, humano aos olhos daquela gente “inferior”. O protagonista cai do seu pedestal na tentativa de dele descer por momentos para fazer uma acção benemérita e perante aquelas pessoas que já lhe perderam o medo que inicialmente também dele tinham (medo recíproco), Ivan Illitch é uma pessoa, tão só uma pessoa que diante do exagero também vacila e cai e volta a erguer-se. Mostrara fraquezas.
A expressão do general seu amigo – “Não aguentaremos” – emerge como um augúrio do que Illitch diria no final do conto resumindo a sua postura durante aquela noite – “Não aguentei” –.
O protagonista do conto é um General que, talvez motivado por uma noite em que bebeu demais na companhia de dois amigos ou por um súbito assomo de consciência, vê-se enredado numa teia de acontecimentos que irão comprometer a sua imagem perante os seus subordinados.
Ivan Illitch é um homem sem preocupações até uma noite em que, celebrando o aniversário de um amigo na sua nova residência, se sente estranhamente próximo ou compadecido do povo que até àquele momento desprezava. O texto gira em torno de uma frase aparentemente sem sentido dita por um dos amigos – “Não aguentaremos” –, frase que se revelaria profética, não só em relação à experiência individual de Illitch naquela fatídica noite, como em relação à própria evolução da História Russa.
O protagonista sai de casa do amigo perturbado. O seu cocheiro, perante a perspectiva de uma maior demora do amo, encontra-se num casamento e Illitch é obrigado a ir para casa a pé, ideia que lhe não desagrada de todo. Após algum tempo de caminhada, ouve música festiva, aproxima-se da casa de onde os acordes e vozes de contentamento vêm e apercebe-se que está diante da casa de um seu subordinado, Pseldonimov. Recorda-se que o mesmo iria casar e parte do princípio que os festejos a que assiste são em consequência do casamento do seu funcionário. A sua indecisão face à posição a tomar perante aquela situação, denota um claro sentido de classe: por um lado não se quer misturar com gente daquela “laia”, por outro quer fazer o bem, ou seja, julga que a sua presença nas bodas de Pseldonimov seria uma inesperada honra para o mesmo e uma bênção dos céus. A sua falsa modéstia só é suplantada pelo medo que o acomete, um medo de não agir como seria expectável, um receio de não corresponder àquilo que aquela gente dele esperaria, um desassossego que não consegue identificar mas que, pouco depois, ao tomar a decisão definitiva de entrar na casa, de participar na festa com uma breve e pacata presença (que depois se revelaria mais prolongada e menos pacata do que inicialmente previsto) e com o decorrer dos acontecimentos ao longo da noite, se torna evidente para o leitor que o grande medo do General era perder a compostura, tornar-se vulgar, palpável, humano aos olhos daquela gente “inferior”. O protagonista cai do seu pedestal na tentativa de dele descer por momentos para fazer uma acção benemérita e perante aquelas pessoas que já lhe perderam o medo que inicialmente também dele tinham (medo recíproco), Ivan Illitch é uma pessoa, tão só uma pessoa que diante do exagero também vacila e cai e volta a erguer-se. Mostrara fraquezas.
A expressão do general seu amigo – “Não aguentaremos” – emerge como um augúrio do que Illitch diria no final do conto resumindo a sua postura durante aquela noite – “Não aguentei” –.
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