Um crocodilo exposto no “passage” de São Petersburgo e um visitante engolido pelo animal, é circunstância suficiente para cativar o leitor apesar do aparente despropósito e ridículo da situação. Mas em Dostoievski, o grotesco tem uma motivação oculta operando nos bastidores da sua alma.
De facto, antes de partir para férias, Ivan Matveitch, a sua mulher e um amigo, decidem ir ver um crocodilo, pertença, há várias gerações de uma família alemã, e pela primeira vez na cidade russa. A primeira impressão dos visitantes, foi de que o animal não parecia vivo pois não se manifestava na presença de pessoas. Todavia, não demora a manifestar-se ao abocanhar e ingerir o acima referido Ivan Matveitch. Ingere mas não digere o homem pelo que, permanece vivo no interior da besta. Acomoda-se numa posição confortável dentro das entranhas do réptil (revelando, no entanto, que o crocodilo era oco por dentro, não mostrando sinais de possuir órgãos, daí Ivan se sentir como em casa, não manifestando sequer o desejo de dali sair) e é a partir desta premissa que o autor desenvolve uma história ridícula sim mas com o intuito vincado de mostrar a sociedade russa à luz da mentalidade pequeno-burguesa que a invadira. E como se manifesta este pequeno-burguesismo dominante e que o autor tão severamente analisa? Matveitch afirma querer passar a vida dentro do crocodilo, podendo inclusivamente assumir funções, em comissão de serviço, de naturalista a trabalhar no terreno. E tendo em consideração a circunstância invulgar em que se encontrava, seria ouvido e a sua opinião respeitada e até poderia trabalhar deitado… A mulher, Elena Ivanovna, receberia os convidados em casa ou até se poderia ponderar a possibilidade de se mudar para junto dele já que, naquele espaço cabiam duas senão três pessoas.
Ninguém considera muito estranha esta pretensão a não ser o amigo, narrador do invulgar acontecimento, que se interroga sobre como as necessidades mais básicas de Ivan poderiam ser satisfeitas.
A estrutura social russa é dominada pela classe burguesa. Mas alicerces em terreno pantanoso, provocam a cedência da estrutura. E ruiu. No fim ruiu.
De facto, antes de partir para férias, Ivan Matveitch, a sua mulher e um amigo, decidem ir ver um crocodilo, pertença, há várias gerações de uma família alemã, e pela primeira vez na cidade russa. A primeira impressão dos visitantes, foi de que o animal não parecia vivo pois não se manifestava na presença de pessoas. Todavia, não demora a manifestar-se ao abocanhar e ingerir o acima referido Ivan Matveitch. Ingere mas não digere o homem pelo que, permanece vivo no interior da besta. Acomoda-se numa posição confortável dentro das entranhas do réptil (revelando, no entanto, que o crocodilo era oco por dentro, não mostrando sinais de possuir órgãos, daí Ivan se sentir como em casa, não manifestando sequer o desejo de dali sair) e é a partir desta premissa que o autor desenvolve uma história ridícula sim mas com o intuito vincado de mostrar a sociedade russa à luz da mentalidade pequeno-burguesa que a invadira. E como se manifesta este pequeno-burguesismo dominante e que o autor tão severamente analisa? Matveitch afirma querer passar a vida dentro do crocodilo, podendo inclusivamente assumir funções, em comissão de serviço, de naturalista a trabalhar no terreno. E tendo em consideração a circunstância invulgar em que se encontrava, seria ouvido e a sua opinião respeitada e até poderia trabalhar deitado… A mulher, Elena Ivanovna, receberia os convidados em casa ou até se poderia ponderar a possibilidade de se mudar para junto dele já que, naquele espaço cabiam duas senão três pessoas.
Ninguém considera muito estranha esta pretensão a não ser o amigo, narrador do invulgar acontecimento, que se interroga sobre como as necessidades mais básicas de Ivan poderiam ser satisfeitas.
A estrutura social russa é dominada pela classe burguesa. Mas alicerces em terreno pantanoso, provocam a cedência da estrutura. E ruiu. No fim ruiu.
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