domingo, março 01, 2009

"Amor e Saltos Altos" de Sinéad Moriarty

Moriarty, Sinéad, Amor e Saltos Altos (In My Sister’s Shoes), Mercado de Letras, Tradução Colectiva, 2008.

O livro sobre o qual hoje aqui deixo o meu testemunho, “Amor e Saltos Altos” de Sinéad Moriarty, toca, com uma linguagem ligeira e algum humor, questões pertinentes que se levantam a quem está na faixa dos trinta anos e se vê confrontado com a necessidade de delimitação de prioridades na sua vida.

A perspectiva a que temos acesso é a de uma mulher de precisamente trinta anos, Kate O’Brien, que persegue o seu sonho de se tornar uma profissional dos media londrinos, longe da sua Irlanda natal à qual regressa poucas vezes por ano e por curtos espaços de tempo. Kate prepara-se para finalmente assumir e se instalar no mundo a que sempre aspirara pertencer quando recebe a notícia de foi diagnosticado à irmã mais velha a doença que matara a mãe.
Após inúmeras tentativas para encontrar uma solução que não passasse pela interrupção da sua promissora carreira em Londres, Kate ruma à Irlanda para apoiar a irmã no longo percurso de cura que a aguarda e, acima de tudo, para tomar conta dos sobrinhos gémeos de cinco anos que para uma mulher solteira de trinta anos viciada no trabalho são um completo enigma.

E é esta viagem conjunta de descoberta mútua entre uma mulher que desconhece em absoluto as implicações de ter duas crianças a seu cargo e a naturalidade com que os gémeos mostram o caminho a seguir à tia, que acompanhamos com um misto de curiosidade e ternura esta história simples, produto dos tempos que vivemos.

Não será uma encruzilhada desconhecida de muitos a que Sinéad Moriarty nos apresenta com esta narrativa. Até que ponto vai o espírito de sacrifício de alguém profundamente apegado a uma ambição de carreira bem sucedida? Quais as cedências que estaria alguém nestas circunstâncias disposto a fazer numa situação de crise familiar?

A autora confronta-nos com a realidade profissional a que estamos “presos” e com aquela outra realidade bem diversa a que a maior parte se dedica de forma abnegada encarando-a como uma libertação… Trabalhosa, é certo, mas um reencontro de nós connosco próprios: A maternidade.
Uma obra que desafia o leitor pela actualidade dos temas nela contidos e tratados de forma acessível, conduzindo-nos a extremos de humor: Tanto nos deparamos com a solenidade dos dramas como com a descontracção das formas de tratamento usados somente com aqueles que nos são mais próximos.

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