Em “Ética para um Jovem”, Fernando Savater adopta um estilo ou forma de escrita quase epistolar na medida em que existe um destinatário sempre presente e vincado pelo autor ao longo da obra, o seu filho adolescente. Contudo, o leitor não é conduzido numa viagem de monólogo, mas de quase diálogo já que vezes há em que a “voz” do filho ausente/presente parece chegar-nos com impressionante nitidez. E é, de facto, de uma viagem que se trata quando nos debruçamos sobre este livro (e não será a leitura de qualquer livro uma viagem?), mas qual o destino deste périplo ao mundo da ética? Qual o objectivo ético de um livro sobre ética? Apoiando-se na ideia de Wittgenstein segundo a qual não era possível escrever um verdadeiro livro de ética, Savater acaba questionando o propósito do livro e alarga com esta indefinição o campo de trabalho desta área de saber que não é, de forma alguma, pertença exclusiva das ciências humanas, mas antes pertença exclusiva do género humano, a característica essencial de distinção entre Homem e outras espécies animais.
O autor confronta-nos e confronta o seu jovem discípulo /filho logo no capítulo primeiro com o objecto da ética que é, simultaneamente, a sua finalidade, a sua meta última, a liberdade. E como a liberdade com tudo o que abarca (e este tudo é mesmo tudo, ou seja, a totalidade das acções e operações humanas, aquilo que nos permite viver e fazer os outros viver) engloba não só o sujeito e a sua individualidade, mas também a interacção dele com os outros, a influência que o homem pode ter na sua e na qualidade de vida dos que o rodeiam, podemos com alguma segurança afirmar que, e seguindo a perspectiva fornecida por Fernando Savater, a ética trata da liberdade e, por isso, será o mais completo dos saberes, uma espécie de ciência das ciências.
“A ética é apenas o propósito racional de averiguar como viveremos melhor.”, afirma o autor depois de partir de um exemplo retirado da Bíblia, a história de Esaú e Jacob. Aliás, uma “técnica” utilizada por Savater por forma a tornar a mensagem a transmitir mais facilmente perceptível, é precisamente começar por ilustrar e só depois resumir a ideia a retirar da “imagem”. Desloca o seu discurso no sentido de tornar a leitura límpida, sem enigma nem mistério possível face ao que se pretende dar a conhecer e sobretudo tendo em consideração o destinatário principal da obra, um jovem de quinze anos. Quanto à citação com que iniciei este parágrafo, ela surge no sentido de especificar, esclarecer a noção de liberdade apresentada e que se atém a três outros conceitos muito vincados sem dúvida porque fundamentais para demarcar o terreno “real” da liberdade e são eles: ordens, costumes e caprichos. Também aqui desencadeia a reflexão a partir de um exemplo, desta feita da autoria de Aristóteles para realçar o dilema que por vezes constitui tomar decisões e qual o posicionamento adequado de quem as toma de acordo com as circunstâncias específicas em que se encontra. E é neste contexto que “liberdade é decidir” mas também darmo-nos conta do que fazemos, o que por vezes nos convém a nós pode não convir aos outros. Ordens podem inibir a liberdade, mas se se disser “Faz o que quiseres”, será este imperativo uma ordem inibidora? Os costumes, por sua vez, situam-se num universo relativamente rígido em que impera a tradição, o testemunho das gerações passadas que transmitem um conjunto de valores passíveis de serem assimilados ou não pelos jovens, é uma questão de escolha. Os caprichos por sua vez parecem implicar uma maior dose de liberdade, no entanto, geralmente associa-se o capricho a um estado egoísta provisório e beneficiador de uma liberdade própria exacerbada, levada a um extremo, mas porventura inibidora das liberdades alheias.
O autor confronta-nos e confronta o seu jovem discípulo /filho logo no capítulo primeiro com o objecto da ética que é, simultaneamente, a sua finalidade, a sua meta última, a liberdade. E como a liberdade com tudo o que abarca (e este tudo é mesmo tudo, ou seja, a totalidade das acções e operações humanas, aquilo que nos permite viver e fazer os outros viver) engloba não só o sujeito e a sua individualidade, mas também a interacção dele com os outros, a influência que o homem pode ter na sua e na qualidade de vida dos que o rodeiam, podemos com alguma segurança afirmar que, e seguindo a perspectiva fornecida por Fernando Savater, a ética trata da liberdade e, por isso, será o mais completo dos saberes, uma espécie de ciência das ciências.
“A ética é apenas o propósito racional de averiguar como viveremos melhor.”, afirma o autor depois de partir de um exemplo retirado da Bíblia, a história de Esaú e Jacob. Aliás, uma “técnica” utilizada por Savater por forma a tornar a mensagem a transmitir mais facilmente perceptível, é precisamente começar por ilustrar e só depois resumir a ideia a retirar da “imagem”. Desloca o seu discurso no sentido de tornar a leitura límpida, sem enigma nem mistério possível face ao que se pretende dar a conhecer e sobretudo tendo em consideração o destinatário principal da obra, um jovem de quinze anos. Quanto à citação com que iniciei este parágrafo, ela surge no sentido de especificar, esclarecer a noção de liberdade apresentada e que se atém a três outros conceitos muito vincados sem dúvida porque fundamentais para demarcar o terreno “real” da liberdade e são eles: ordens, costumes e caprichos. Também aqui desencadeia a reflexão a partir de um exemplo, desta feita da autoria de Aristóteles para realçar o dilema que por vezes constitui tomar decisões e qual o posicionamento adequado de quem as toma de acordo com as circunstâncias específicas em que se encontra. E é neste contexto que “liberdade é decidir” mas também darmo-nos conta do que fazemos, o que por vezes nos convém a nós pode não convir aos outros. Ordens podem inibir a liberdade, mas se se disser “Faz o que quiseres”, será este imperativo uma ordem inibidora? Os costumes, por sua vez, situam-se num universo relativamente rígido em que impera a tradição, o testemunho das gerações passadas que transmitem um conjunto de valores passíveis de serem assimilados ou não pelos jovens, é uma questão de escolha. Os caprichos por sua vez parecem implicar uma maior dose de liberdade, no entanto, geralmente associa-se o capricho a um estado egoísta provisório e beneficiador de uma liberdade própria exacerbada, levada a um extremo, mas porventura inibidora das liberdades alheias.
3 comentários:
Muito boa análise do livro. Parabéns. Caprichas-te. Vou ler o livro
Cumpz Mariia Ines ;)
Gostaria muito de indicar a obra para meus alunos lerem.
dou apenas os parabens pelo blog, está fantastico, e incrivel tanta cultura, e o gosto fascinante pelos livros. vou seguir com mais frequencia. parabens mais uma ves *
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