Dunsany, Lord, O Livro do Deslumbramento (The Book of Wonder), Saída de Emergência, Tradução de Marta Oliveira, Ana Margarida Canelas, Susana Clara, José Manuel Lopes, 2007.A editora Saída de Emergência reuniu num só volume “O Livro do Deslumbramento” e “O Novo Livro do Deslumbramento” materializando, assim, a própria vontade de interligação e continuidade do autor expressa no epílogo de “O Livro do Deslumbramento”: Aqui acaba o décimo quarto episódio do Livro do Deslumbramento e o relato das Crónicas das Pequenas Aventuras na Orla do Mundo. Despeço-me dos meus leitores. Mas talvez nos encontremos outra vez, pois ainda ficou por contar como os duendes roubaram as fadas, a vingança das mesmas, e até como tudo isso perturbou o sono dos deuses. Ficou também por contar como o Rei de Ool insultou os trovadores, julgando que estaria a salvo, no meio dos seus muitos arqueiros e centenas de alabardeiros; como os trovadores se instalaram, pela calada da noite, nas torres do rei e, por debaixo das suas ameias, à luz da Lua, e o ridicularizaram para todo o sempre com os seus cantares. Mas para isso, terei primeiro de regressar à Orla do Mundo. Atenção, as caravanas partem.
Lord Dunsany criou um mundo paralelo que situa numa região designada de Orla do Mundo e as histórias narradas, ocorridas nesse espaço distante e desconhecido, são quase sempre transmitidas por via oral através do relato sonhador ou ébrio de viajantes e marinheiros em alguma taberna à beira mar, contadas como se de uma realidade com roupagem de lenda se tratasse. E o nosso narrador, sempre pronto para ouvir as façanha fantásticas de homens comuns transmutados em figuras temíveis e respeitadas ou os feitos assombrosos de piratas terríveis e ameaçadores convertidos em homens passíveis de suscitar a admiração do leitor, conta-nos as aventuras dos que ousaram quebrar com a normalidade de uma vida banal, que partiram em busca de transformar o irreal em algo concreto.
Destaco a inabalável vontade do Capitão Shard, personagem que nos é apresentada no “Livro do Deslumbramento” e que é retomada no “Novo Livro do Deslumbramento” a bordo do seu navio pirata, o Desperate Lark, perseguido, acossado, navegando por mar e terra, resistindo à instabilidade que a sua posição de comando lhe conferia mediante o sucesso ou insucesso da fuga que empreendera.
Lord Dunsany criou um mundo paralelo que situa numa região designada de Orla do Mundo e as histórias narradas, ocorridas nesse espaço distante e desconhecido, são quase sempre transmitidas por via oral através do relato sonhador ou ébrio de viajantes e marinheiros em alguma taberna à beira mar, contadas como se de uma realidade com roupagem de lenda se tratasse. E o nosso narrador, sempre pronto para ouvir as façanha fantásticas de homens comuns transmutados em figuras temíveis e respeitadas ou os feitos assombrosos de piratas terríveis e ameaçadores convertidos em homens passíveis de suscitar a admiração do leitor, conta-nos as aventuras dos que ousaram quebrar com a normalidade de uma vida banal, que partiram em busca de transformar o irreal em algo concreto.
Destaco a inabalável vontade do Capitão Shard, personagem que nos é apresentada no “Livro do Deslumbramento” e que é retomada no “Novo Livro do Deslumbramento” a bordo do seu navio pirata, o Desperate Lark, perseguido, acossado, navegando por mar e terra, resistindo à instabilidade que a sua posição de comando lhe conferia mediante o sucesso ou insucesso da fuga que empreendera.
O deslumbramento aqui significa não só o espanto perante as inúmeras possibilidades da vontade humana ou sobre-humana, mas também o propósito último de todos estes seres. Conquistar esse estado de esplendor, de ofuscação ante a beleza do fim domado, eis o objectivo da grande viagem delineada pelas personagens de Lord Dunsany.

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4 comentários:
Bom dia!
Boa Pascoa!
Tenho de confessar que este livro ficou uma bocado a baixo das expectativas que tinha antes de o ler, mas devo também dizer que as expectativas eram demasiado altas...
isto porque na contra capa há uma descrição muito favoravel de Lovecraft... e tendo eu Lovecraft num pedestal, assumi que iria ser um livro Lovecraftiano... e é... na temática mais fantástica e não do terror... percebi a influència dos contos mais fantásticos de Lovecraft, como por exemplo a Chave de Prata, A Desconhecida Kadath.. é claro o paralelismo que existe, (nessa área da escrita), entre Tolkien e Lovecraft.
É um livro que faz parte do nascimento da literatura fantástica e é de louvar o trabalho da Saida de Emergencia com estes autores esquecidos no tempo e memória.
É um bom exercicio de leitura!
Beijo
Boa Páscoa para ti também Miguel:)
Percebo a tua "desilusão" em relação ao livro do Deslumbramento, eu própria também o comecei a ler perspectivando algo mais próximo da escrita de Lovecraft mas segue muito mais a linha de Tolkien... É como dizes, trata-se de um bom exercício de leitura e devemos reconhecer o fantástico trabalho da Saída de Emergência no que respeita a estes autores menos falados:)
Beijinhos!
Claro que a editora está de parabéns! É preciso diversificar as publicações contemplando também estes autores algo esquecidos.
Na verdade, não li o livro mas tinha curiosidade acerca dele.
A tua informação foi-me muito útil.
Obrigada, Carla!
Beijinho amigo!
Apesar do nível de dificuldade, deslumbra, não há dúvida de que deslumbra:)
Beijinhos amigos:)
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